Carlos Andrade

Vice-presidente da Administração e curador da Fundação AFID Diferença

“Tinha por hábito pedir aos seus serviços que lhe fizessem um relatório. Por isso, a primeira informação que recebeu da AFID não foi dada pela AFID mas pela sua gente. “O que me comunicaram foi que era uma instituição que tinha duas características: criatividade e boa gestão. Estranhei. Encontramos IPSS com estas qualidades, mas não é comum aparecerem juntas”.
Nessa fase da sua vida profissional este peso pesado do sector já tinha conhecido centenas de instituições. As mais interessantes dividiam-se em duas categorias. “As que eram altamente qualificadas em termos de gestão, mas visivelmente formalizadas, de acordo com os cânones. E as que impressionavam com o seu experimentalismo, mas não vingavam por falta de capacidade para racionalizar e gerir a sua criatividade”. A AFID surgia assim, aos seus olhos, como um desafio ao cálculo de probabilidades.
O primeiro encontro não desmentiu a informação que tinha recolhido. Assim como o seguinte, o outro e o outro. “Nos contactos que fomos estabelecendo pude constatar que se tratava mesmo de uma instituição de referência. Em Lisboa e no País”.
Anos depois, quando sai do sector público e é convidado para a administração da Fundação Afid Diferença, Carlos Andrade descobre outra realidade: “Conhecer uma IPSS por dentro foi uma estreia. Até então a minha experiência tinha sido o oposto”. Essa oportunidade transformou-o. “Agora, que já sou administrador da AFID há dez anos, tenho uma visão intimista do sector. Quem vive o quotidiano com o tipo de pessoas que nós apoiamos descobre a dado momento que passou a dar um valor inestimável, incontornável, a todas as pessoas. Isso só se consegue quando se convive, quando se conhece, quando se está habituado ao sorriso, ao toque. Isso claramente transforma o modo como vemos o outro. Eu transformei-me. A tendência na vida é para amar os fortes. Aqui aprende-se a amar os frágeis”.