A diversidade é uma riqueza há uma imagem que Adalberto Fernandes associará para sempre à AFID, pelo seu simbolismo e beleza. “É a dos seus alunos de artes plásticas a esculpir pedra”. O contraste entre a fragilidade física de alguns e a força que precisavam de empregar para prosseguir com o seu trabalho artístico teve nele o efeito de uma epifania. “A pedra, que é tão difícil de trabalhar, aos poucos a transformar-se nas mãos deles numa obra de arte, esse quadro foi mais eloquente do que muitos discursos sobre superação. Jamais o esquecerei”.
“No contexto nacional das organizações não governamentais a AFID é a instituição que mais tem apostado nos talentos artísticos das pessoas com deficiência intelectual profunda”. Na sua opinião fá-lo com a subtileza de um elefante em loja de porcelana, o que no caso considera ser o mais desejável.
“Eles têm exposto em espaços como a Fundação Gulbenkian, a Fundação Oriente, o Fórum Picoas. Ocupam os espaços mais emblemáticos da cultura sem complexos, o que transforma as suas iniciativas em algo mais do que simples eventos culturais”.
Adalberto Fernandes chama “opção estratégica” à escolha destes locais para expor. A paixão que põe no discurso quando o afirma, revela o quanto a considera essencial. “Quando marca presença nos espaços mais nobres da cidade a AFID passa a mensagem de que a cidadania é para todos” e isso faz toda a diferença.
Aos seus olhos todos estes eventos artísticos têm sido verdadeiramente revolucionários, “porque são manifestações de dignificação e prestígio destinadas a quebrar preconceitos, a começar pelos dos pais, que só ouvem em todo o lado falar de problemas e limitações relacionados com a condição dos seus filhos e na AFID descobrem que também têm potencial”.
A trabalhar na área da deficiência há décadas, Adalberto Fernandes aprendeu a encarar a diferença de forma especial. “Para mim não há maior prazer no meu convívio do que estar com estas pessoas diferentes. A diversidade é uma riqueza: eles vêem o que eu não vejo, sentem o que eu não sinto e quando estão a fazer algo que não lhes interessa, dizem-no sem constrangimentos. Não têm a nossa hipocrisia social. Por outro lado, quando se entregam a algo que os preenche, são extraordinários”. Para ele, enquanto a sociedade não perceber isto, não percebe nada.