Diana Correia

Testemunhos
Diana Correia

Diretora Técnica da Estrutura Residencial para Pessoas Idosas (ERPI) do Edifício Geração.

Quem trabalha em Serviços de Apoio Domiciliário confronta-se diariamente com situações tristes, pois a solidão e o abandono entre os mais velhos e dependentes são um fenómeno avassalador. Mas o que move Diana Correia “é a possibilidade de contribuir, se não para a felicidade, pelo menos para a melhoria da qualidade de vida das pessoas que atende”. Para ela, o dia-a-dia na AFID é também um terreno de conquista de sorrisos.
“Não temos um emprego das nove às cinco. Se nos dedicamos a este tipo de serviço não vale a pena criar essa expectativa. Porque há utentes que se desorientam e podem sair a meio da noite para passear por entre o trânsito, como já nos aconteceu, ou que deixaram a chave dentro de casa e não têm como entrar se não com a cópia que nós guardamos, ou que enviuvaram e estão em risco de cair em depressão profunda. Nunca nos desligamos completamente”. Se esta contingência é limitativa para a vida pessoal, depende do ponto de vista. Como gosta de trabalhar com pessoas, Diana prefere falar do que recebe em afeto e reconhecimento como forma de compensação.
Das muitas histórias com utentes que a marcaram recorda a da D. Esmeralda: “Descobrimo-la a viver sozinha na maior imundície. Aquela casa não era limpa há anos. Apesar de nos termos oferecido para ajudar a limpá-la, não deixava que ninguém lá entrasse, de modo que não tínhamos como intervir”. Mas um dia a casa da D. Esmeralda inundou-se e teve de ser evacuada. “Aproveitámos para lhe dar banho e vesti-la com roupa lavada. Alojámo-la provisoriamente e em colaboração com a Câmara Municipal da Amadora pusemos-lhe o apartamento num brinco. Até as paredes pintámos”. Quando ela pôde regressar e viu como lhe transformaram a casa foi como se lhe tivesse nascido uma alma nova. “Houve vizinhos que nem a reconheceram”. Aquele convívio forçado mudou-lhe a vida: “A partir daí passou a considerar-nos amigos e a aceitar a nossa ajuda”.
São casos como estes que a inspiram. “O que dá sentido ao que fazemos na AFID é esta capacidade de melhorar o mundo, nem que seja só um bocadinho”.

[ 01 Mai 2019 ]
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