Julieta Sanches

Testemunhos
Julieta Sanches

Sócia fundadora da AFID

Julieta Sanches tem inscritas na memória as primeiras reuniões daquele grupo de pais que partilhava consigo anseios e projetos. Sócia fundadora da AFID, também ela tinha uma filha com deficiência para cuidar e um forte sentimento de vulnerabilidade. Mas não podia sucumbir às dificuldades e nesse grupo pioneiro encontrou “gente admirável”, que lhe deu ânimo para enfrentar todos os desafios que a situação familiar lhe colocava.
“Era um grupo fantástico. Algumas dessas pessoas já se encontravam noutras associações, como a Liga Portuguesa dos Deficientes Motores, a Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente e a Associação Portuguesa de Epidermólise Bolhosa”. Por essa altura, ela própria já estava ligada à Cerci de Lisboa, de que ainda hoje é presidente da direção, cargo que acumula com o de presidente da Federação das Cerci. Mas o que pretendia alcançar através deste novo movimento era outra dinâmica para a sua vida e a de outros pais como ela: “Inicialmente preocupámo-nos muito em proporcionar tempo livre às famílias. Para descontrair, ir ao cinema, ver um espetáculo. E como é que o fizemos? Levando aqueles filhos problemáticos a passear com a AFID”.
Assim deram fôlego a gente que de outra forma não teria liberdade para reservar momentos de descompressão só para si. Algo precioso, para quem todos os dias tem que lidar com situações de grande desgaste emocional. “Estamos a falar de gente que tende a organizar-se em torno da pessoa dependente e que na prática deixa de ter tempo para viver. Por isso oferecer-lhes esta escapatória significava muito”, explica.
Foi tesoureira da primeira direção da AFID mas a sua atividade ultrapassou em muito o controlo das contas. Em paralelo dedicava-se à Cerci: “Sem estas organizações os nossos filhos estariam todos em casa. São elas que vêm dar nova dimensão à vida destas famílias”. São elas, Julieta Sanches não duvida, que as salvam: “Se não existissem provavelmente já não estaria viva, ou se estivesse, não seria saudável”.
As responsabilidades na Cerci acabaram por monopolizá-la e hoje mantém-se na AFID apenas como sócia, mas a corrente emocional não é coisa que se apague. Na história da AFID também se inscreve a sua própria história. É por isso que se orgulha de tudo o que a instituição conquistou ao longo destas três décadas de vida: “É um exemplo de perseverança. Criou um extraordinário conselho de curadores, algo que é muito importante porque se consubstancia num olhar que vem de fora para dentro. Talvez por isso nunca deixou de crescer, de inovar e de procurar dar respostas concretas às necessidades das pessoas”.

[ 01 Mai 2019 ]
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